Educação previdenciária merece mais atenção

A educação previdenciária ainda não mereceu a devida importância, mas os efeitos de não praticá-la já são percebidos em

vários países. Na contabilidade pública, baseada na capacidade do povo em produzir, consumir e pagar impostos,

historicamente os “inativos” são classificados como passivo e engrossam o déficit da previdência. Mas a sociedade quer

mudar essa história.

Na pedagogia previdenciária, a moral humana difere da moral dos animais descrita na fábula de La Fontaine, “A Cigarra e a

Formiga”. Enquanto crianças, somos lúdicos, assim como as cigarras.

Nas idades produtivas, trabalhamos como as formigas. Porém, quando idosos, embora o sistema nos dê o mesmo destino das

cigarras, continuamos produtivos através do ócio criativo.

O pacto previdenciário existe para equalizar o bem-estar social durante todas as fases da vida. Através da educação

previdenciária, aprende-se equilibrar trabalho, consumo e ócio, sem gerar passivo algum. Acredita-se que esse equilíbrio é

a base da felicidade geral de um povo.

O rei do Butão, pequeno país localizado nas cordilheiras do Himalaia, questionado por que o PIB de seu país é baixo,

refletiu se seus súditos deveriam produzir sem satisfação pessoal. Inovou ao criar a Felicidade Interna Bruta (FIB), um

conceito que mescla trabalho, produção e consumo com qualidade de vida e sustentabilidade (suprir as necessidades atuais,

sem prejudicar as gerações futuras).

Em 2011, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma diretriz que reconhece que o PIB (a soma de tudo que o país produz

economicamente) não reflete o bem-estar do povo. Reconhecendo a felicidade como uma aspiração universal, a ONU encoraja as

nações a adotarem a FIB como métrica da satisfação de seus povos.

Será o início do fim do “Homo economicus”? Desde tempos imemoriais, vive-se para produzir por produzir, consumir por

consumir, e dar a “Cesar o que é de Cesar”, num ciclo repetitivo. Essa ciranda econômica e social resulta em déficits

previdenciários que cada geração empurra para a seguinte.

Porém, estamos vivendo mais. Nos países onde existem mais aposentados que trabalhadores, chegou o momento da conta ser

paga. Na Europa, a conta já é da juventude. No Estados Unidos, a meca do trinômio produzir-consumir-pagar impostos, o

movimento “ocupe Wall Street” traduz o inconformismo civil com essa ciranda.

No Brasil, o rombo da Previdência Social é uma bomba prestes a explodir. Já nas próximas décadas, a quantidade de

aposentados igualará a de trabalhadores. Inevitavelmente, o passivo previdenciário terá que ser pago. Não há cidadão que

seja feliz hoje sabendo que deixará a dívida como herança para os netos.

Somente com uma visão de estadista, que pensa nas gerações futuras, seremos capazes de desarmar a bomba previdenciária.

Falta-nos um rei de Butão que decrete a felicidade geral da nação, sem esquecer as futuras gerações. A educação

previdenciária é o passaporte para esses novos tempos.  (José Luiz Almeida Costa- O Tempo-AssPreviSite)

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